Movimentos “antivacinistas” preocupam autoridades de saúde

Dr. Eduardo Castanhel CRM 11935

Atualmente os movimentos que questionam os benefícios da imunização colocam em risco um esforço histórico e mundial para combater enfermidades que afetam a população.

Alguns pais, assustados ao verem sintomas serem descritos como possíveis efeitos de alguma vacina ou medicamento, estão optando por uma abordagem mais “natural” para prevenir os filhos de doenças. Esses grupos citam o livre arbítrio para escolher o que consideram melhor e pregam que a própria vacinação, feita atualmente, seria a causa de muitas enfermidades.

Já os médicos afirmam que, ao não seguirem o calendário de vacinação definido pelo Ministério da Saúde – concentrado em crianças até quatro anos, mas prevendo doses para a vida toda –, esses pais podem estar colocando em jogo um trabalho histórico de prevenção de doenças no país e no mundo. Adotando recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS), o calendário nacional, citado como um programa público de qualidade, é tido como responsável pelo controle de doenças como poliomielite, difteria, rubéola e tétano.

Recentemente a Europa, sofreu um surto de sarampo em pelo menos 14 países e contaminou milhares de pessoas. O contágio em massa de uma doença até então considerada praticamente controlada foi em parte atribuído por autoridades de saúde a movimentos “antivacinistas”. A incidência de sarampo foi confirmada em alguns dos países mais ricos do continente, como Alemanha, França, Itália e Suíça.

Sendo assim, mais do que uma decisão individual ou algo que cabe aos pais definirem se querem ou não dar aos filhos, a vacinação é considerada questão de saúde pública. Uma queda acentuada, ainda que gradual, na cobertura vacinal poderia significar que males como o sarampo passassem a circular novamente entre as crianças no mundo todo – algo que, defendem as autoridades em saúde, poderia ser evitado com uma simples injeção.

Resultados importantes do Programa Nacional de Imunizações como, por exemplo, a erradicação da varíola, o controle da poliomielite e a eliminação do sarampo e da rubéola congênita como problemas de saúde pública. Para garantir estes últimos avanços e conquistar resultados semelhantes contra doenças cujas vacinas foram recentemente incluídas no calendário nacional, é essencial a manutenção das vacinas.

Sabemos que, sem o controle doenças podem voltar a aparecer o que seria um retrocesso para a saúde pública. Sendo a vacinação um ato de saúde pública com grande impacto na sociedade.

Há muitas doenças que ainda circulam pelo mundo, mas em diversos países, como o Brasil, estão em uma fase considerada controlada. É o caso de coqueluche, tuberculose e sarampo: ainda se ouvem casos de pessoas que apresentam seus sintomas, mas elas já não se espalham mais indiscriminadamente. Quando isso ocorre, geralmente estão envolvidos no problema questões de saneamento básico, fatores ambientais ou o vaivém entre países.

O que preocupa são algumas correntes mais holísticas ou ditas alternativas que têm a visão, às vezes até apoiadas por médicos, de que a vacina não é necessária. Mas ao mesmo tempo, essas pessoas vivem em uma chamada “imunidade de rebanho”: quando você tem um grande grupo vacinado, aqueles que não foram imunizados acabam se protegendo. Fato esse que acaba sendo contraditório.

Os movimentos antivacina existem no nosso meio, mas felizmente não observamos, até o momento, que tenham levado a algum grande impacto nas coberturas vacinais no Brasil.

Ainda que não seja mais imposta no Brasil, como ocorreu em criticados métodos no século passado, a vacinação é um direito assegurado pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). O presidente da Comissão Especial da Criança e do Adolescente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-RS), Carlos Kremer, explica que, nos casos recomendados pelas autoridades sanitárias, a vacinação de crianças é obrigatória:

A vacinação é uma medida de proteção preventiva em que o coletivo prepondera sobre o individual, salvo situações especiais de não recomendação médica em face de algum risco à saúde, como alergias.

Ele explica que, em caso de negativa dos pais ou omissão, pode ser aplicada uma medida de proteção pelo juiz. Segundo o advogado, o não provimento da saúde dos filhos pelos responsáveis legais, o que inclui a imunização, pode repercutir, em último caso, na perda da guarda.

Os benefícios são maiores do que os riscos

Qualquer vacina pode causar efeitos colaterais. É com essa frase em destaque que começa uma página dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC) dedicada a tirar as principais dúvidas sobre a vacinação – e não é raro, seja nos Estados Unidos, no Brasil ou em outros países, que pessoas questionem a eficácia, a necessidade e os possíveis malefícios da vacinação. Mas esses eventos graves e raros, quando acontecem, são infinitamente menos importantes do que as complicações que a doença natural pode causar.

Um efeito colateral ao sucesso das doses

Para médicos, os movimentos antivacina seriam uma espécie de efeito colateral do próprio sucesso das doses. Com sua eficácia e a consequente percepção mais baixa de doenças antes comuns, ficaria aberto o caminho para que se diga que esses males não existem, ou que são fabricados.

Fonte: http://zh.clicrbs.com.br

A resposta, como para tantas outras questões da medicina, estaria na frase “é melhor prevenir do que remediar”.


Clínica de Vacinas Castanhel – Acreditada da SBIM (Sociedade Brasileira de Imunização)

Dr. Eduardo Castanhel CRM 11935

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